terça-feira, abril 04, 2006
Poema das 2 da matina
VOZ
Era o céu que sorria nos seus olhos.
Eram junquilhos trémulos aos molhos,
As flores do rosto que eu beijava.
Fresca e gratuita como um hino à lua,
Nua,
Era um mundo de paz que se entregava.
Oh! perfume da Vida! - gritei eu.
Oh! seara de trigo por abrir,
Quem te fez todo o pão da minha fome?
Mas os seus braços, longos e contentes,
Só responderam, quentes:
- Come.
Coimbra, 6 de Abril de 1943
in página 162, Diário II, Miguel Torga
Era o céu que sorria nos seus olhos.
Eram junquilhos trémulos aos molhos,
As flores do rosto que eu beijava.
Fresca e gratuita como um hino à lua,
Nua,
Era um mundo de paz que se entregava.
Oh! perfume da Vida! - gritei eu.
Oh! seara de trigo por abrir,
Quem te fez todo o pão da minha fome?
Mas os seus braços, longos e contentes,
Só responderam, quentes:
- Come.
Coimbra, 6 de Abril de 1943
in página 162, Diário II, Miguel Torga